28/11/2023
Com a etapa da estabilização do terreno finalizada e das fundações em fase de conclusão, as obras no antigo biotério da Fiocruz, parte de seu núcleo arquitetônico erguido no começo do século 20, avançaram para uma nova fase: a restauração das construções originais. O local vai virar uma área de visitação, com uma exposição sobre saúde, meio ambiente e sustentabilidade.
Mais conhecido como Pombal, o antigo biotério da Fiocruz foi construído em 1904 para abrigar cobaias de pequeno porte, como aves, ratos, rãs e porquinhos-da-índia. A torre central é o que dá o nome ao conjunto, pois ali eram criados pombos-correio que faziam a comunicação dos pesquisadores do então Instituto Oswaldo Cruz com a Diretoria Geral de Saúde Pública (DGSP), no centro da cidade do Rio de Janeiro.
Novos usos para antigas edificações
A obra de restauração do Pombal integra o plano de Requalificação do Núcleo Arquitetônico Histórico de Manguinhos, formado pelos prédios construídos na primeira metade do século 20 como parte do então Instituto Soroterápico Federal. O objetivo é criar um “campus parque” com atividades socioculturais voltadas para a população, como explicou Cristina Coelho, do Departamento de Patrimônio Histórico, durante uma visita guiada ao local:
“Esse plano prevê a restauração e a requalificação de várias das edificações do núcleo histórico, buscando recuperar as suas características, mas também requalificar os seus usos. No caso do Pombal ele estava sem utilização, e a proposta é recuperar o local e criar um espaço expositivo. Assim como tem sido feito em outros edifícios, temos buscado trazer um uso cultural, ao mesmo tempo conciliando com os usos institucionais”, disse Cristina.
Agora o pombal está sendo totalmente restaurado, o que inclui a recuperação dos módulos originais, e vai se tornar um amplo espaço de convívio, com atividades educativas e culturais, intervenções expositivas do Museu da Vida com foco em saúde, meio ambiente e sustentabilidade, além de espaços de lazer e piquenique na área externa.
Os módulos interativos previstos no projeto expositivo pretendem dialogar com temas como a história ambiental do campus, as transformações da paisagem e ocupações da região de Manguinhos – onde a Fiocruz se situa -, as interfaces entre saúde e meio ambiente, além das perspectivas para o futuro de acordo com os objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU, como o direito à cidade saudável. O local servirá ainda como ponto de apoio às trilhas do campus Manguinhos e também contará com mesas e bancos ao ar livre.
O andamento das obras
As obras foram iniciadas em janeiro de 2023 e o projeto inclui a restauração dos oito módulos que compõem o pombal, da torre central e dos muros que cercam o conjunto. Um dos oito módulos foi escolhido como módulo-testemunho, ou seja, será mantido da forma mais próxima possível do que era originalmente, incluindo as portinholas dos recintos originais onde os animais eram mantidos e piso em saibro. O local também está passando por readequação das instalações elétricas, recomposição dos revestimentos antigos de cimento queimado e de argamassa pigmentada, além de implementação de soluções de acessibilidade:
“A questão da acessibilidade foi um elemento importante no projeto e gerou a grande intervenção nesse conjunto, dentro dos muros do pombal, que é uma rampa que não existia antes e que dará acesso a todos os módulos e a própria torre. Essa é a intervenção física que vamos conseguir perceber mais claramente,” explicou.
A primeira etapa, de estabilização do terreno já foi praticamente concluída. No momento, está sendo realizado o trabalho propriamente dito de restauração das estruturas, das paredes, dos módulos originais e da torre principal. Também foram concluídos os testes para a recuperação das argamassas de revestimento pra que se chegue a um resultado o mais próximo possível do original. Estão sendo realizados os trabalhos de drenagem e a próxima fase será a implementação de um projeto paisagístico, com plantio de espécies e aumento da arborização.
A restauração do Pombal, a nova exposição e o Programa de Educação Patrimonial são uma realização da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), do Ministério da Cultura e do Governo Federal, com gestão cultural da Sociedade de Promoção da Casa de Oswaldo Cruz (SPCOC). Conta ainda com o apoio financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e patrocínio de Instituto Vale, BASF, Enauta e Bayer, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.